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Unesp 2023 aborda temas atuais e traz diversos enunciados em inglês

Banca da Unesp manteve a tendência de alta carga de leitura e ainda lançou mão de mapas, gráficos, tirinhas, obras de arte e poemas

Por Luccas Diaz
Atualizado em 16 nov 2022, 14h11 - Publicado em 15 nov 2022, 21h25

Confira aqui o gabarito oficial da primeira fase do vestibular da Unesp.

A primeira fase do vestibular 2023 da Universidade Estadual Paulista (Unesp) ocorreu nesta terça-feira (15) em 31 municípios do estado de São Paulo, além de Brasília (DF), Campo Grande (MS), Curitiba (PR) e Uberlândia (MG). Nesta primeira etapa, os candidatos enfrentaram uma maratona de 90 questões de múltipla escolha sobre as áreas de Linguagens e Códigos, Ciências Humanas e Ciências da Natureza e Matemática. Para professores e especialistas, a prova deste ano seguiu a linha tradicional da banca, com temas atuais e alta carga de leitura.

As perguntas intercalavam: ora exigiam conhecimento acumulado dos três anos de Ensino Médio, ora capacidade de leitura e interpretação de texto. Para Sérgio Paganim, diretor do Curso Anglo, o pano de fundo para muitas das questões foi o mundo contemporâneo. Alguns destaques vão para a questão envolvendo o conceito de índice de felicidade, outra sobre o candomblé e ainda uma terceira sobre a relação entre humanidade e meio ambiente. “Os textos exploraram uma variedade grande de gêneros: textos literários, mapas, gráficos, tirinhas e poemas”, diz Paganim.

Anderson Rodrigues, diretor pedagógico da Oficina do Estudante, destaca ainda um equilíbrio entre o nível de complexidade das questões. “Apresentou questões difíceis, sim, mas em boa parte delas o aluno conseguia responder de maneira tranquila. Foi uma prova conceitual, e que demandou repertório”, diz.

+ Confira na íntegra a prova da primeira fase da Unesp.

Um aspecto que chamou a atenção foi a alta exigência da leitura de textos em inglês. Em pelo menos sete das questões o enunciado era em inglês, mas a pergunta em si versava sobre algum conteúdo de geografia, biologia ou até mesmo de exatas. O que mostrou a tendência crescente da prova de trazer questões interdisciplinares.

“Os conteúdos [de Ensino Médio] foram muito bem contextualizados, apresentando muitas vezes comparações para se estabelecer relações, como a questão de biologia envolvendo rodovias e genética”, destaca Paganim. De forma geral, foi uma prova tradicional da banca da Unesp: atual, com bastante leitura, variedade de gêneros e elementos de contextualização.

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Na sequência, publicaremos comentários dos professores sobre cada uma das disciplinas cobradas nesta primeira fase (página em atualização).

Português

A prova de Língua Portuguesa da Unesp esteve dentro do padrão já conhecido e esperado do exame. As questões de Literatura estavam mais relacionadas à interpretação dos excertos textuais do que à historiografia literária em si. Metáforas, paradoxos e rimas também apareceram nas questões de Literatura, assim como os gêneros poéticos praticados por Gregório de Matos.

Em gramática, destacaram-se exercícios que cobravam classificação morfológica de palavras, a identificação do “se” em sua função de partícula apassivadora e o uso de vírgula.

Sérgio Paganim, por fim, chama atenção para a questão 11. Segundo ele, a resposta do gabarito é aceitável e passível de se chegar por eliminação, mas ele aponta uma imprecisão no enunciado que não é comum em questões da Unesp – já que é solicitado que o candidato identifique a quem o pronome “o” se refere no texto, mas sem indicar em qual trecho ele aparece.

Inglês

As questões de inglês chamaram a atenção na Unesp 2023. A prioridade da prova foi cobrar do candidato uma capacidade de leitura e interpretação da língua inglesa, apresentando uma forte interdisciplinaridade – de 12 questões de inglês, 3 envolviam outras disciplinas diretamente.

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Para o professor Márcio Pantoja, da Oficina do Estudante, o aumento da temperatura global foi uma excelente escolha para as questões. A partir deste texto foi exigido do candidato um conhecimento que ia além da interpretação, envolvendo o Pacto de Montreal, a camada de Ozônio e o governo da Antártida. Outro destaque em inglês foi o texto sobre a Finlândia, abordando a questão do índice de felicidade de uma nação e o conceito de PIB per capita.

História

As questões de História seguiram temas já tradicionais, como Grécia Antiga, imperialismo e Segunda Guerra Mundial. Algumas exigiram do candidato o conhecimento específico sobre o conteúdo, não trazendo textos de apoio. Para o professor Felipe Melo, da Oficina do Estudante, o nível pode ser considerado médio. Sérgio Paganim, do Anglo, enfatiza a boa utilização de imagens no lugar de textos longos.

Chamaram atenção  as questões sobre a diferença entre o feminismo branco e negro, e outra sobre a maneira como povos indígenas lidavam com a religiosidade. O diretor avalia as questões como alinhadas às vertentes mais modernas das provas de exames.

Geografia

O professor Daniel Simões, da Oficina do Estudante, evidencia a boa elaboração das questões de Geografia, com alternativas claras e pouca confusão entre elas. Houve um equilíbrio entre Geografia Geral e Geografia do Brasil. Um ponto de destaque é o uso de linguagens não escritas, com variados mapas e tabelas.

Quanto à complexidade, avalia a prova como bem dosada, com algumas questões fáceis e a grande maioria medianas. Temas tradicionais como cartografia, climatologia e geografia urbana se alternaram com outros mais atuais, como Guerra da Bósnia e povos isolados na Amazônia – o que valorizou o candidato em dia com o noticiário. As poucas questões difíceis envolviam temas não muito corriqueiros, mas ainda dentro do que é proposto no Ensino Médio.

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Filosofia e Sociologia

As duas disciplinas foram cobradas na prova com enunciados e alternativas claras e coerentes. Para o professor Henrique Morele, da Oficina do Estudante, a prova estava bem montada, apresentando a já esperada interdisciplinaridade da Unesp.

As temáticas atuais também tiveram bastante espaço nessas disciplinas, como as questões envolvendo temas científicos, a discussão entre o real e o virtual, a analogia entre a ONU e o Hobbes para falar de Estado, e o texto da Djamila Ribeiro para discutir discriminações sociais. Do ponto de vista dos conteúdos, houve também temas tradicionais, como direitos civis e contratualismo político.

Biologia

Prova bem elaborada e muito criativa. Mesclou grandes áreas de biologia, com questões sem grandes dificuldades. No entanto, exigiu do candidato uma leitura atenta para poder responder de maneira assertiva os vários conteúdos dentro de uma mesma questão. As duas questões que mais se destacaram na prova, segundo Sérgio Paganim, é a que envolvia palavra cruzada e a que relacionava estradas de São Paulo com genética.

Entre os temas, os já esperados: evolução, ecologia, produção de vacina, sistema circulatório e genética. Em uma questão interdisciplinar com Literatura, um poema do Manuel Bandeira foi utilizado para falar das características da pneumonia.

Química

A prova de química foi dentro do esperado, cobrando assuntos como oxirredução, estequiometria, gases e equilíbrio iônico. A professora Tathiana Guizelini, da Oficina do Estudante, avalia as questões como claras e objetivas. Destaca a interdisciplinaridade com Física na questão onde era preciso relacionar o conceito de potência com energia para calcular o combustível.

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Física

As questões de Física não se diferenciaram do que tem sido apresentado nos últimos anos – desafiadora e com nível médio de dificuldade. De forma equilibrada, trouxe questões de cinemática, ondulatória, óptica geométrica e eletrodinâmica. O professor Márcio Santos Miranda, da Oficina do Estudante, destaca a quantidade de questões interdisciplinares. O uso de gráficos e esquemas também merece uma menção.

Em uma pergunta, o candidato precisava identificar a fórmula da acetona – conteúdo de Química. Mas o inverso também ocorreu: na prova de Matemática, uma questão pedia a equação de Torricelli. Em síntese, uma prova boa, que não cobrou do candidato um grande aprofundamento, algo que já vêm se tornado comum nas questões de Física da Unesp.

Matemática

A prova da de Matemática seguiu o padrão Unesp que vem sendo trabalhado nos últimos anos, principalmente pós-pandemia. Uma prova contextualizada, e com o nível de dificuldade um pouco menor em relação à edição passada. Para o professor Mário Fernandes, da Oficina do Estudante, vale ressaltar as questões interdisciplinares com Inglês e Física – esta última, uma das mais difíceis da prova. Para resolvê-la, era preciso unir os conhecimentos de geometria com os de cinemática da Física.

Sérgio Paganim destaca duas questões com imprecisões: uma que perguntava sobre um prisma mas a figura não era um prisma, e outra sobre estatística, com análise de gráfico, mas que apresentava confusão no enunciado.

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