Jornalzinho da USP incita a jogar fezes em gays; aluno foi alvo de latinhas de cerveja
Publicação de estudantes oferece ingresso a festa como recompensa para agressão. Vítima relatou episódios de agressão ao GUIA
ATUALIZAÇÃO EM 24/04 às 23h40: O aluno Carlos pede para não ter idade e sobrenome citados, por temer represálias na faculdade
Emails e mais emails circularam nos grupos virtuais de estudantes de São Paulo nesta sexta, 23 de abril, repercutindo a última edição de um jornal feito por alunos de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP). Tudo porque o pasquim, intitulado O Parasita, incita seus leitores a jogar fezes em alunos homossexuais. Quem fizesse isso ganharia um “convite de luxo para a Festa Brega 2010”.
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O jornal cita ainda um “famoso episódio”, que ocorreu em uma festa organizada pela Atlética da Farmácia e o Centro Acadêmico da Medicina em outubro de 2009, quando dois alunos homens se beijaram. O GUIA conversou com um deles, que cursa Farmácia na universidade.
– Teste: como você lida com as diferenças?
– Teste: você é perseguido em sala de aula?
“É preciso ter tolerância. A diversidade existe e tem de existir. Eu me sinto atingido porque são pessoas que vivem ao meu lado todos os dias e elas se incomodam pelo meu jeito de viver”, diz Carlos, que cursa o segundo ano da faculdade. “Eu me revolto porque esse é um tipo de coisa que não pode acontecer”.
Carlos disse que não pretende tomar nenhuma providência contra os colegas. Para ele, o episódio não passa de um ato ignorante.
Ele falou ainda que, em outra ocasião, alunos da Farmácia atiraram uma lata de cerveja cheia em um casal homossexual durante o tradicional happy hour de quinta-feira na Escola de Comunicações e Artes da USP. “Por conta desse preconceito, muitos evitam se expor, para não ser mais motivo de chacota”.
Alguns alunos da Farmácia, indignados com a publicação, criticaram os textos. “Faço parte da Atlética e ela não tem nada a ver com isso”, garante Luma Flaiban. Luma também foi alvo de piadas do jornal, embora não tenha se sentido ofendida. “Eu não entendi o que eles quiseram dizer, e acho que ninguém entendeu”.
“Ninguém na faculdade achou engraçado, estão todos revoltados. Nós convivemos com homossexuais nas festas que frequentamos”, completa a estudante. Na Medicina, estudantes contrários a O Parasita estão distribuindo cópias da edição, em uma forma no mínimo curiosa de protesto.
O texto é assinado por Joãozinho Zé-Ruela. O autor ainda não foi localizado.
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