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A Guerra Civil que deu origem às tensões entre China e Taiwan

Entenda também o envolvimento dos Estados Unidos na questão "doméstica" entre os dois territórios vizinhos da Ásia

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 24 ago 2022, 11h03 - Publicado em 3 ago 2022, 16h18

A recente visita da parlamentar americana, Nancy Pelosi, à ilha de Taiwan desenha mais um episódio da desavença histórica entre China, Taiwan e Estados Unidos – este como um terceiro elemento importante. O governo chinês, que considera a ilha parte do seu território, viu como provocação a parada da presidente da Câmara americana na capital Taipé. Os EUA, por sua vez, não reconhecem Taiwan como um Estado, mas nutrem relações com a ilha, mantendo uma política de “ambiguidade estratégica”.

Para entender esse jogo político de interesses e tensões, é preciso retomar o contexto histórico da Revolução Chinesa, que foi onde a relação conturbada começou.

Estreito de Tawain, que separa a ilha da China continental
Estreito de Tawain, que separa a ilha da China continental (Perry-Castañeda Library/Wikimedia Commons)

Guerra Civil

A Revolução Chinesa de 1949 foi o resultado de uma longa batalha iniciada logo depois do fim da Primeira Guerra Mundial, em 1921, com a fundação do Partido Comunista Chinês (PCC). Os comunistas consideravam que a instauração da República, em 1911, e a chegada ao poder do Partido Nacionalista não resultaram em um Estado efetivamente soberano nem proporcionaram reformas sociais profundas que melhorassem a vida dos trabalhadores urbanos e rurais chineses.

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Desde então, a China viveu períodos alternados de guerra civil entre nacionalistas e comunistas e períodos de aliança, nos quais esses dois grupos lutaram juntos contra agressões estrangeiras — como a invasão japonesa na década de 1930 e no decorrer da Segunda Guerra Mundial. O fim da Segunda Guerra e a expulsão das forças japonesas do território chinês abriram um novo período de acirrada disputa de poder entre nacionalistas e comunistas.

O líder dos nacionalistas, Chiang Kai-chek (1887-1975), não resistiu ao avanço dos guerrilheiros camponeses comandados pelo líder comunista Mao Tsé-tung. Em 1º de outubro de 1949, Mao proclamou a República Popular da China e reorganizou o país nos moldes comunistas, com a coletivização das terras e a expropriação das grandes empresas, que passaram para o controle estatal.

Chiang Kai-chek refugiou-se na Ilha de Taiwan (Formosa) e fundou a República da China. Ainda hoje, Taiwan se auto-intitula a “verdadeira China”, mas é considerada uma “província rebelde” pelo governo de Pequim.

Mao Tse-tung proclamando a República Popular da China
Mao Tse-tung proclamando a República Popular da China em 1º de outubro de 1949 (Hou Bo/Wikimedia Commons)
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O reconhecimento mundial em relação à Taiwan

Quando a Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada, em 1945, a China foi um de seus membros fundadores. Mas após o fim da guerra civil, em 1949, foi Taiwan que passou a ocupar o assento destinado à China na ONU.

Essa situação durou até 1971, quando a China continental ingressou na ONU, obrigando Taiwan a deixar a instituição. Desde então, o poder político e econômico da China se impõe, obrigando todos os países com quem mantém relações diplomáticas a cortarem os laços oficiais com Taiwan.

Mas esse isolamento político não significa isolamento econômico. Taiwan possui uma economia dinâmica e se tornou um dos principais exportadores da Ásia, mantendo relações comerciais com todo o mundo e participando de blocos econômicos regionais.

Na prática, Taiwan tem todas as condições que a definem como um país: um governo próprio eleito democraticamente, instituições sólidas, uma moeda nacional, forças armadas e um território delimitado.

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Como os Estados Unidos se posicionam nesta questão

O envolvimento americano no caso China e Taiwan é um tanto ambíguo. Após o fim da guerra civil na China, em 1949, os EUA não reconheceram o governo comunista de Mao Tsé-tung. Já com Taiwan, os norte-americanos estabeleceram uma parceria estratégica em 1954, que garantiu à ilha a proteção militar dos EUA, além de vultosos financiamentos para desenvolver sua indústria.

A situação mudou em 1979, quando os EUA restabeleceram relações diplomáticas com a China Comunista, reconhecendo-a perante a comunidade internacional como a “verdadeira China”. No entanto, os norte-americanos fizeram questão de manter as relações econômicas e militares com Taiwan.

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