Não é de hoje que a crise climática e ambiental está afetando os oceanos. A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) divulgou um novo relatório neste mês analisando o índice de aquecimento dos oceanos nos últimos 20 anos, desde aspectos físicos, químicos, ecológicos, até socioeconômicos. A catástrofe ambiental desencadeada pelo aquecimento global carrega consequências como a submersão de algumas regiões litorâneas e até a escassez de água doce no futuro.
Dados divulgados pela Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, em 2023, mostram que nos últimos 30 anos o nível dos oceanos teve uma elevação média de nove centímetros. O novo relatório divulgado pela Unesco, por sua vez, relaciona esse aumento do nível do mar às emissões de gases do efeito estufa, que estão tornando o planeta mais quente, derretendo geleiras e desregulando o regime de chuvas.
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Submersão de regiões litorâneas em 70 anos
Pensando no futuro, o Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) prevê um aumento médio do nível do mar de pouco mais de um metro até 2100. No entanto, cientistas alertam que, se as emissões de gases do efeito estufa continuarem aumentando, esse número pode chegar na verdade a dois metros em 2100 e a cinco em 2150.
Além disso, uma pesquisa conduzida pela Climate Central, organização sem fins lucrativos, baseada em dados fornecidos pela Nasa, indica que diversas cidades brasileiras podem ficar submersas até 2100. Entre as cidades afetadas estão:
- Cabo Frio (RJ),
- Belém (PA),
- Ilha do Marajó (PA),
- Oiapoque (AP),
- Porto Alegre (RS),
- Santos (SP),
- Fortaleza (CE),
- Pelotas (RS).
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O biólogo e mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental, Paulo Jubilut, explica que, com o aquecimento do planeta aumentando exponencialmente a cada ano, o gelo das calotas polares começa a derreter, e toda a água que estava congelada vai para os oceanos, elevando o nível do mar.
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Escassez de água doce
Com o desaparecimento de algumas regiões do mapa, seus habitantes se tornarão refugiados climáticos. O relatório do IPCC prevê que até 72 milhões de pessoas precisarão se mudar de regiões costeiras.
Porém, outro fator que pode provocar a migração mesmo que o país ou cidade não desapareça completamente, são secas, falta de alimentos, escassez de água potável e desastres relacionados ao clima. Um dos países que está lidando com a crise oceânica neste momento é Tuvalu, um país-arquipélago do Pacífico Sul formado por nove ilhas.
Além da região estar ameaçada de desaparecer com o aumento do nível do mar, sua agricultura está sendo diretamente afetada pela infiltração de água salgada no solo e os moradores dependem da água da chuva para cuidar das plantações, realizar suas atividades e até para beber. Além disso, com a maior parte do solo afetada, já que a área do país é estreita, o Tuvalu ficou dependente da importação de produtos para sua sobrevivência.
O Ministro da Justiça, Comunicações e Relações Exteriores de Tuvalu, Simon Kofe explicou em entrevista à BBC Mundo que costumavam ser cavados poços para acessar águas subterrâneas, mas que a opção tornou-se inviável com o avanço do mar, fazendo com que toda a nação se torne dependente das chuvas.
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