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O que é a Cúpula das Américas: histórico, disputas políticas e o Brasil

A 9ª edição do encontro entre governos do Hemisfério Ocidental acontece até dia 10 em Los Angeles. Veja o que está em jogo e as tensões

Por Juliana Morales
Atualizado em 10 jun 2022, 09h09 - Publicado em 8 jun 2022, 11h07

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, abre nesta quarta-feira (8), em Los Angeles, a nona edição da Cúpula das Américas. O evento, que reúne Chefes de Estado e de Governo do Hemisfério Ocidental, terá como tema central: “Construindo um futuro sustentável, resiliente e equitativo”. Os encontros acontecem até o dia 10 de junho.

Neste texto, o GUIA DO ESTUDANTE elenca pontos centrais para você, vestibulando, entender o contexto, motivações, debates e o envolvimento do Brasil na Cúpula. Assim, você garante repertório e bagagem para acompanhar os próximos desdobramentos do tema.

Histórico

Esta edição será a primeira realizada nos Estados Unidos desde sua reunião inaugural em Miami, em 1994. Na ocasião, Washington promoveu a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). A ideia da existência do bloco econômico era eliminar de forma progressiva as barreiras ao comércio e aos investimentos dentro das Américas e circular livremente mercadorias, capitais e serviços. No entanto, o projeto não se concretizou.

Depois de quatro anos, em 1998, a segunda reunião aconteceu em Santiago, Chile. Em seguida, em Quebec, Canadá (2001); Mar del Plata, Argentina (2005); Porto da Espanha, Trinidade e Tobago (2009). Em 2012, o evento foi em Cartagena, Colômbia, e a edição de 2015 na Cidade do Panamá, em Panamá. Por fim, os líderes se reuniram em Lima, no Peru, em 2018.

O foco dessas reuniões é traçar ações para lidar com desafios e problemas compartilhados entre os países da região. Democracia, direitos humanos, segurança regional, meio ambiente, economia são os temas principais tratados, historicamente, nos encontros.

Nona edição: o que está em jogo

A edição deste ano é vista, segundo especialistas, como uma maneira da gestão Joe Biden reparar danos e estabelecer diferenças da relação negligente do seu antecessor na Casa Branca, Donald Trump, com a América Latina. Vale lembrar que Trump não compareceu à Cúpula das Américas de 2018, enviando em seu lugar o vice-presidente Mike Pence.

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É neste contexto que Biden, anfitrião da Cúpula, busca reafirmar a liderança dos EUA diante da crescente influência da China – a maior ameaça atual à hegemonia americana – na América Latina. Um exemplo desta aproximação foi a Cúpula virtual, organizada pelo governo chinês, com ampla adesão de ministros de relações exteriores da região, em dezembro de 2021.

Os cinco pilares das discussões estabelecidos pelos EUA neste ano são:

Tensões

Como anfitrião, o governo americano elaborou uma lista de convidados para a Cúpula. Ficaram de fora dos convites países que não têm regimes democráticos: Cuba, Venezuela e Nicarágua. 

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A medida gerou desconforto entre líderes e ameaça de boicote. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, negou sua participação no evento, criticando “a política de exclusão que se impõe há séculos”. Presidentes de Honduras, da Guatemala, da Bolívia e do Uruguai foram no mesmo caminho de López Obrador e se negaram a comparecer na Cúpula. 

Brasil

Nas vésperas do evento, o assessor especial da Casa Branca, Christopher Dodd, reforçou o convite ao presidente Jair Bolsonaro e ressaltou a importância da parceria com o governo brasileiro. “O Brasil tem muito a contribuir com esses temas aos líderes de toda a região que estarão presentes na Cúpula, e valorizamos muito a voz brasileira enquanto discutimos soluções que ajudarão a construir vidas melhores para as pessoas do nosso hemisfério”, declarou.

O assessor também falou sobre as questões mais importantes e compartilhadas de todo o hemisfério que devem ser discutidas. “Como a garantia de que a democracia seja uma realidade para cada país, nossas metas climáticas compartilhadas, uma resposta mais colaborativa à Covid-19 e a abordagem mais profunda do crime organizado e da instabilidade econômica”, afirmou. 

Apesar de questionar a vitória de Biden nas eleições de 2020, Bolsonaro, que foi aliado do ex-presidente americano Donald Trump, anunciou sua presença na Cúpula e deve ter seu primeiro encontro bilateral com Biden em Los Angeles. 

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De acordo com o conselheiro para assuntos da América Latina do governo americano, Juan Gonzales, Bolsonaro e Biden falarão de temas amplos. Questionado por repórteres se o presidente americano deve conversar com Bolsonaro sobre o sistema eleitoral brasileiro, Gonzales respondeu que os EUA confiam nas instituições eleitorais do Brasil.

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