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Discalculia: conheça a condição que permite usar calculadora no Enem

Pessoas com discalculia podem pedir atendimento especializado no Enem; saiba mais sobre esse transtorno de aprendizagem

Por Karolina Monte
Atualizado em 13 jun 2023, 17h49 - Publicado em 13 jun 2023, 16h30
calculadora, fundo preto, mãos
Quem possui discalculia tem o direito de utilizar calculadora durante a realização do Enem. (Freepik/Reprodução)
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As inscrições para o Enem 2023 começaram no dia 5 e vão até 16 de junho. Neste mesmo período, é possível requisitar atendimento especializado durante os dias de aplicação do exame, o que garante que candidatos com deficiência, determinados distúrbios ou que estejam amamentando, por exemplo, tenham suporte para fazer a prova. Entre as condições que permitem este tipo de atendimento está a discalculia – e, no caso dela, o candidato tem direito a usar uma calculadora na prova do Enem.

Ficou curioso? O GUIA DO ESTUDANTE explica o que é esta condição.

O que é discalculia

Sim, o nome é bastante intuitivo! A palavra “discalculia” vem do prefixo grego “dis“, que significa desvio, e do latim “calculare“, que é contar ou calcular. Trata-se de um transtorno de neurodesenvolvimento, ou transtorno de aprendizagem específico da matemática, que também engloba medidas e tempo.

Segundo o GREPEL-USP (Grupo de Estudos e Pesquisa em Escrita e Leitura da USP), essa é uma desordem neurológica que afeta as habilidades de compreender e manipular números. Independentemente de sua oportunidade educacional ou quociente intelectual, a pessoa com discalculia possui um nível abaixo do esperado para sua idade geracional em funções que envolvem números.

Trocando em termos mais simples, o indivíduo com discalculia não consegue entender ações relacionadas aos números, sejam elas simples ou complexas, como sequências numéricas, operações matemáticas ou cálculos.

Um exemplo de manifestação prática de discalculia é uma criança que não consegue associar o algarismo “9” com a palavra “nove”, e, por conta disso, terá muitas dificuldades no momento de fazer essas associações nas operações matemáticas. Dependendo do nível do transtorno, essa criança pode até conseguir executar uma conta simples como subtração ou soma que envolva o número nove, mas terá mais dificuldades para compreender situações-problema, como: “Joãozinho tem nove maçãs e dá uma para um amigo, com quantas maçãs Joãozinho ficou?”.

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Tipos de discalculia

Existem seis tipos de discalculia:

  • Discalculia léxica, caracterizada pela dificuldade para ler e compreender símbolos matemáticos, como números, expressões e equações matemáticas;
  • Discalculia verbal, caracterizada pela dificuldade em entender símbolos matemáticos, números e quantidades numéricas, de medidas ou de tempo que são indicadas verbalmente;
  • Discalculia gráfica, que é a dificuldade para escrever símbolos matemáticos;
  • Discalculia ideognóstica, é a dificuldade de realizar operações matemáticas mentalmente;
  • Discalculia operacional, caracterizada pela dificuldade em em usar números e símbolos matemáticos durante cálculos matemáticos;
  • Discalculia practognóstica, mais prática, é a dificuldade em correlacionar conceitos matemáticos com conceitos reais, do dia a dia.

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Sinais de discalculia

Os sinais que levam ao diagnóstico de discalculia podem variar entre leve, moderado e grave. Além disso, o Instituto ABCD, organização sem fins lucrativos com objetivo de promover conhecimentos sobre transtornos de aprendizagem, também elenca diferentes sinais de discalculia que podem aparecer ao longo da vida escolar.

No geral, os sinais para o transtorno são:

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  • Lentidão na aprendizagem matemática;
  • Pouca habilidade ou incapacidade de desenvolver o raciocínio lógico matemático;
  • Incapacidade de entendimento de números e outros símbolos matemáticos, como fórmulas, proporções, formas de medição e quantidades;
  • Dificuldade de associar números com suas respectivas palavras (exemplo: “um” e “1”);
  • Inaptidão para memorizar números ou etapas de operações matemáticas;
  • Pouca ou nenhuma noção de tempo, espaço, distâncias ou quantidades;
  • Dificuldade em ler e interpretar gráficos, tabelas e equações.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico de discalculia deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, tais como psicopedagogos, fonoaudiólogos, neuropediatras e psicólogos ou neuropsicólogos. São realizados diversos testes e exames até que se chegue no diagnóstico final. O teste de discalculia possui como base alguns pontos específicos em linguagem e contagem matemática, habilidades matemáticas gerais e entendimento de números, tamanhos, espaços e quantidades.

Por ser uma condição neurológica de aprendizado, a discalculia não tem cura, mas um bom acompanhamento pedagógico ajuda o indivíduo a melhorar as habilidades com os números.

Repeitar o tempo do aluno, avançar e retomar o conteúdo de acordo com o aprendizado individual, fornecer materiais de apoio específicos e especializados para pessoas com transtorno de aprendizado e repetir e rememorar o conteúdo quantas vezes forem necessárias são alguns cuidados que podem ser tomados pela escola.

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