Letícia Fernandes, de 20 anos, tirou mil na redação do Enem 2023 (Exame Nacional do Ensino Médio) e passou em Medicina na UFG (Universidade Federal de Goiás), após três anos de estudo buscando a aprovação com auxílio da Plataforma Professor Ferretto. A jovem de Inhumas, Goiás, cursou o ensino médio em escola pública e chegou a entrar em Odontologia assim que terminou o colégio. Mas não teve jeito, seu sonho mesmo era cursar Medicina.
“Eu neguei por um bom tempo que queria Medicina. Lembro de estar no sexto ano e uma professora virar para mim do nada e falar ‘por que que você não tenta fazer Medicina? Tenta para a USP [Universidade de São Paulo], eu acho que você consegue.'”, relembra a estudante.
Ao GUIA DO ESTUDANTE, Letícia contou como usou seu livro favorito, “Orgulho e Preconceito”, como repertório na redação do exame em 2023 e relatou sua rotina de estudos para ser aprovada no curso dos sonhos.
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Tema inesperado
A estudante conta que, assim que viu o tema da redação do Enem 2023, se lembrou da mãe e de sua família, cheia de histórias de mulheres que cuidam. Antes disso, no entanto, não imaginava que esse seria o tema proposto pela banca. “Achei que poderia ser algum relacionamento ao meio ambiente.”, relembra. O tema desta edição foi “Desafios para o Enfrentamento da Invisibilidade do Trabalho de Cuidado Realizado pela Mulher no Brasil”.
Mesmo sendo surpreendida pela temática, ficou feliz e gostou da questão a ser discutida, principalmente porque pôde usar uma das suas obras literárias favoritas: “Orgulho e Preconceito” de Jane Austen.
No Enem, usar repertórios culturais no texto é uma das exigências para gabaritar a competência 2. “Citei na introdução a parte que fala que a senhora Bennet tem uma vontade muito grande de casar todas as filhas, porque, na visão dela e na época, as mulheres tinham que realizar esse papel de cuidar do lar e das pessoas”, comenta Leticia.
A jovem compartilha que sua estratégia na hora de iniciar a redação é anotar o tema na página do rascunho junto com as ideias principais que vêm em mente após a leitura da proposta. No dia da prova, depois do rascunho pronto, Leticia respondeu algumas questões de Linguagens para clarear a mente antes de voltar para redação e corrigir o que precisava.
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Repertório coringa na manga
Além de “Orgulho e Preconceito”, um outro repertório coringa de Leticia foi o filósofo Thomas Hobbes e sua citação que diz que “o Estado é responsável por garantir o bem-estar da população”. Ela conta que treinou bastante este argumento em casa por ele caber em todos os temas sociais.
“No primeiro parágrafo do Desenvolvimento I eu citei a missão governamental, porque muitas mulheres saem do serviço remunerado para cuidar dos seus familiares”, explica a estudante, que também falou sobre a visão enraizada de que a mulher precisa cuidar e a consequente desvalorização deste tipo de tarefa.
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Rotina nota mil
A estudante conta que o mais importante na hora de aprender é ter organização e rotina. “Eu sempre acordava cedo, tomava meu café e já sentava para estudar”, relembra. Ela também mantinha uma agenda com os tópicos de cada conteúdo que tinha para fixar no dia. Nem tudo, porém, girava em torno dos estudos: Leticia separava a hora para almoçar, ir à academia e o momento de parar de estudar.
Já no que diz respeito à redação, seu conselho é ir além da prática. Ela aponta que primeiro é preciso saber como funciona o texto na teoria – o que e quais são as competências cobradas –, porque isso permite ao participante olhar para o conteúdo de maneira crítica. “Você tem que agir como um corretor agiria, e a partir da prática, vê os seus erros e consegue corrigi-los”, conclui.
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