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5 hábitos que estão sabotando a sua concentração

Eles parecem inofensivos, mas estão criando uma verdadeira epidemia de falta de atenção

Por Luccas Diaz
28 ago 2024, 15h00

Millie Bobby Brown, atriz conhecida pelo seu papel como Eleven na série “Stranger Things”, admitiu em entrevista que não consegue sentar para assistir a filmes – nem mesmo os que participa. “As pessoas me falam: ‘Você tem que assistir a esse filme, vai mudar a sua vida’, e eu fico tipo ‘Por quanto tempo eu vou ter que ficar sentada?’ Porque meu cérebro e eu não gostamos de ficar sentados nem para assistir os meus próprios filmes”, disse. A estrela relatou ainda que tem inveja do namorado, que consegue passar um dia inteiro só assistindo a longas. “Eu não consigo”. Millie não está sozinha nessa falta de concentração.

São inúmeros os relatos nas redes sociais de jovens que não conseguem parar para assistir a um filme. A dificuldade, na verdade, se estenderia a qualquer atividade que demande foco e concentração por mais de alguns minutos. Estudar, definitivamente, seria uma delas. Esta reportagem da Superinteressante foi atrás dos dados mais atuais e chegou a uma verdade inquestionável: o estilo de vida moderno é um grande sabotador do foco e da concentração.

As causas dessa epidemia de falta de foco são várias e variadas. Vai desde a função de ouvir áudios no WhatsApp na velocidade 2x até as expectativas de produtividade no mercado de trabalho. O constante bombardeio de informações e conteúdos em que vivemos deixa o cérebro cansado, estressado e ansioso – e, paralelamente, viciado por mais.

Conheça 6 hábitos comuns que podem estar sabotando a sua concentração e foco, e aprenda a eliminá-los ou, pelo menos, diminuí-los.

Ser multitarefa

jovem mulher sentada mexendo no notebook, celular e usando fone de ouvido
(Freepik/Reprodução)

Começando a lista com um erro que pode pegar muitos de surpresa. Ainda que essa prática promova uma sensação de produtividade, querer fazer várias tarefas simultaneamente em nada contribui para o aumento da concentração. Na verdade, é precisamente o contrário. Ao tomar para si várias tarefas de uma única vez, aumentam-se os níveis de estresse e ansiedade no cérebro e fragmenta a atenção que seria completa caso dedicada a um único objetivo por vez.

A recomendação é clara: fazer uma coisa de cada vez. E isso nem é exclusividade do mundo pós-digital, não, viu? David Meyer, famoso professor de psicologia que há décadas se dedica aos estudos dos efeitos da multitarefa no cérebro, já falava nos anos 90 sobre o “switch cost”, isto é, o preço de ir alternando entre uma tarefa e outra quando as resolvendo simultaneamente.

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No mundo dos estudos, encarar tarefas simultâneas pode até parecer uma solução para escapar do cansaço ou tédio, mas é preciso considerar o preço pago pela divisão da atenção. Se é hora de fazer exercícios, faça somente os exercícios. Se é hora de ler um livro, se concentre em apenas ler o livro. Se é para prestar atenção na aula teórica, mantenha sua atenção na aula teórica. Com o tempo, se manter em uma única tarefa se tornará mais fácil.

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Abrir o celular a todo momento

mulher mexendo no celular deitada em sofá, no escuro
(Freepik/Reprodução)

Não tem jeito, os smartphones já fazem parte da nossa vida. Na história da humanidade, é difícil encontrar outro objeto que tenha se inserido tão intensamente em nossas vidas quanto o aparelho. Ao contrário de outros itens de uso pessoal, no entanto, não apenas levamos o celular para todo lugar, mas dedicamos tempo e atenção para ele. Gastamos, diariamente, horas e horas olhando para o infinito fluxo de informações que as telas promovem.

Todos esses estímulos digitais – sejam redes sociais, mensagens instantâneas, plataformas de vídeos, jogos online, serviços de streaming – transbordam o cérebro com dopamina e o tornam refém por mais. E aí entra a dificuldade de assistir a um filme inteiro; a ânsia por checar notificações a todo momento; o movimento automático de abrir as redes sociais ao entrar em uma fila ou elevador… Ceder aos estímulos digitais em qualquer momento livre do dia causa dependência por parte do cérebro. Além de contribuir para um aumento na fadiga mental, uma vez que o tempo que era para ser de pausa ou descanso é gasto consumindo ainda mais novas informações e conteúdos.

Quebrar esse ciclo não é fácil. Por isso, a dica é começar com pequenas mudanças. Da próxima vez que estiver em uma fila, uma sala de espera, ou entrar em um elevador, que tal experimentar não ficar no celular? Observe o ambiente, veja as pessoas, leia um livro, reflita sobre o dia. O mesmo vale para as refeições, os momentos na cama antes de dormir ou ao acordar, o trajeto no transporte público. Você vai perceber que parece até que o tempo rende mais.

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+ Como proteger a saúde mental das armadilhas das redes sociais?

Não ter uma agenda

mulher anota em agenda
(Unsplash/Reprodução)

Não é nem arrogância, mas às vezes achamos que a nossa cabeça simplesmente vai se lembrar de tudo, não é mesmo? Tem uma consulta no médico daqui a 15 dias? Tranquilo, está anotado mentalmente. Um simulado daqui a uma semana? Certo, pode deixar que ninguém vai esquecer. Ficou de entregar aquele livro na biblioteca no fim do mês? Sem problemas, jamais esqueceríamos. Se você se identificou com essas situações, está na hora de comprar uma agenda.

Por melhor que seja a memória, é muito difícil se lembrar de tudo – além de ser exaustivo. Contar apenas com a memória para se recordar de todas as demandas do dia a dia é quase como se deixássemos a porta aberta para o estresse e a ansiedade entrarem.

Ao registrar os prazos e afazeres em uma agenda – seja física ou digital –, liberamos o espaço que elas ocupariam no cérebro. Ao planejar o dia seguinte na noite anterior, acalmamos a mente e diminuímos os sintomas de ansiedade, uma vez que já nos tornamos familiar com o que o próximo dia promete. Consequentemente, fica mais fácil de se concentrar e focar no que realmente importa.

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Dietas ricas em açúcar

pote com vários doces industrializados, como MMs e Twix.
(Pexels/Reprodução)

Vamos para a área da nutrição. Sabe aquela expressão popular “Você é o que você come”? Pois bem, ela não é mentira. A influência que a alimentação tem no nosso dia a dia é imensa. Vai desde oscilações no humor até melhora (ou piora) da memória e disposição. É como se o que comêssemos fosse a gasolina para o funcionamento do corpo, e, ao ingerir combustíveis de baixa qualidade, a performance fosse diretamente afetada. A Organização Mundial da Saúde já deixou claro: aqueles que têm uma dieta adequada são mais produtivos e, consequentemente, aprendem com mais eficiência.

Estudantes que buscam aumentar o seu foco e concentração – e produtividade, de maneira geral – devem priorizar alimentos que promovam um equilíbrio saudável de açúcar (a famosa glicose) no sangue. Alimentos que possuem uma grande quantidade de açúcar liberam muita glicose em um curto período tempo, causando um intenso pico de energia. Esse fluxo, no entanto, é veloz e rapidamente se desfaz, criado uma queda acentuada de energia. Essa alteração brusca nos deixa mais cansados e lentos, causando aquela sensação de neblina no cérebro.

Leigh Gibson, presidente do fórum de comida e saúde da Inglaterra e professor de biopsicologia especialista em comportamentos alimentares da Universidade de Roehampton, concluiu a partir de pesquisas que o cérebro humano trabalha de modo ideal com cerca de 25g de glicose correndo no sangue – a quantidade aproximada encontrada em uma banana.

Por isso, é importante dar preferência a alimentos ricos em nutrientes e com baixos níveis de açúcar. Eles liberam energia de maneira mais gradual e constante, evitando picos e quedas. Entre as proteínas, peixe é uma excelente opção para a saúde cerebral; as fibras e grãos são carboidratos que ajudam a manter a constância durante o dia; e gorduras como a do abacate auxiliam na sensação de saciedade por mais tempo.

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Não ter um local próprio de estudos

mesa de estudos, com monitor e garrafa de água.
(Unsplash/Reprodução)

Ninguém está dizendo que você precisa ter setup igual os do Pinterest ou Instagram, mas ter um local reservado somente para os estudos é uma ótima dica para aumentar o foco e a concentração. Não é preciso nada chique: o segredo não está no tamanho do monitor, no teclado mecânico ou nas luzes de LED. A questão é criar um ambiente onde a prioridade é a concentração, isto é, um lugar que não te proporcione muitas distrações.

Ambientes com muito barulho, grande circulação de pessoas, ou quaisquer outras distrações que seja (TV ligada, música tocando, colegas de quarto barulhentos) dificultam a concentração. Com tantos estímulos simultâneos, fica difícil para o cérebro entender que é hora de focar em uma única tarefa. Por isso, a dica é reservar um canto da casa longe de tudo isso. Com o tempo, a mente vai entendendo que, quando nesse local, é momento de se concentrar e ficará mais fácil focar nas tarefas.

Na ausência de um ambiente assim em casa, a dica é procurar locais públicos, como bibliotecas e cafés, ou investir em fones de ouvido que possuem a tecnologia de cancelamento de ruído.

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