Em um movimento quase que coordenado, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, e países da União Europeia (UE) anunciaram a expulsão de diplomatas e oficiais da Rússia de seus territórios na manhã desta segunda-feira (26).
A medida, justificaram os aliados, é uma resposta ao uso de armas químicas em solo britânico, mais especificamente no ataque contra o ex-espião Sergei Skripal no último dia 4 de março na cidade de Salisbury (Inglaterra).
“As ações de hoje tornam os EUA mais seguros ao reduzir a capacidade da Rússia de conduzir operações que ameaçam a segurança nacional”, disse a Casa Branca em um comunicado. “Com esses passos, esperamos deixar claro para a Rússia que ações tem consequências”.
O bloco europeu já havia se manifestado na semana passada sobre esse assunto e voltou a enfatizar ser “altamente provável” o envolvimento da Rússia no envenenamento de Skripal. A expectativa é a de que outros países anunciem medidas similares nas próximas horas, como Canadá e México, informou a agência Reuters.
Relembre o caso
Naquele dia, o ex-agente foi encontrado junto com sua filha agonizando em um banco de um parque. O policial que os atendeu também foi afetado. Investigações britânicas revelaram que o agente usado era da família “Novitchok”, de fabricação soviética.
O Reino Unido então passou a cobrar da Rússia explicações sobre o uso de armas químicas em seu solo e o envolvimento do país nesse episódio. O governo Putin, por sua vez, negou ter qualquer responsabilidade no ato.
Diante do que foi visto pelos britânicos como falta de esclarecimentos, a primeira-ministra Theresa May retaliou há cerca de duas semanas ao anunciar a expulsão de 23 diplomatas russos. A Rússia respondeu expelindo a mesma quantidade de oficiais britânicos do seu território.
Alinhando-se ao lado do Reino Unido, a UE logo passou a cobrar explicações dos russos e lembrou que o uso de agentes nervosos em um ataque como esse configuraria uma violação da Convenção de Armas Químicas, tratado que proíbe a produção, aquisição, estocagem, retenção, transferência e o uso deste tipo de armamento e do qual a Rússia é signatária.
Quem é Sergei Skripal
Nascido em 23 de junho de 1951, Skripal trabalhou até 1999 no serviço de inteligência do exército russo e chegou a coronel. De 1999 a 2003, trabalhou no Ministério das Relações Exteriores do país.
Em 2004, foi detido e acusado de “alta traição” por ter repassado informações sobre as identidades de agentes secretos russos que trabalhavam na Europa para o serviço de inteligência britânico, o MI-6, em troca de US$ 100 mil.
Condenado a 13 anos de prisão, ele ficou preso até 2010. Depois de receber perdão do então presidente Dmitri Medvedev, foi incluído no que é considerada a maior troca de espiões desde o fim da Guerra Fria e vivia na Inglaterra desde então.
Matéria publicada originalmente em EXAME.com.