Entidade LGBT pede apoio ao MEC para ambiente escolar ser mais receptivo às diferenças
Casos recentes de preconceito e homofobia em universidades ilustram preocupação da entidade
por Guilherme Dearo
Na última terça-feira (18), representantes da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros (AGBLT) se reuniram com o ministro da Educação, Fernando Haddad, em Brasília, para discutir o preconceito nas escolas. O grupo pediu apoio do ministério para que o ambiente escolar seja mais receptivo às diferenças de gênero e orientação sexual e ajude a formar cidadãos que respeitem as diferenças.
Para o grupo, o fim do preconceito e a inclusão dessas minorias começam pela formação escolar. Na ocasião, o secretário da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, André Lázaro, propôs que o MEC fortaleça seu grupo de trabalho nessa temática e crie uma agenda até o fim do ano.
Enquanto isso…
O apelo da AGBLT junto ao MEC para que medidas de educação de respeito às diferenças sejam tomadas desde cedo nas escolas contrasta com casos recentes de preconceito e homofobia em universidades brasileiras. Um exemplo aconteceu esta semana, na Faculdade de Minas (Faminas).
Um cartaz que trazia a imagem de duas meninas se beijando e que seria utilizado para divulgar a 7ª Semana Acadêmica do Serviço Social, que aconteceria nesta semana na Faminas, com o tema "Fortalecer as lutas sociais para romper com a desigualdade", foi vetado pela direção da faculdade. A direção queria que a imagem das duas meninas fosse retirada. Como recusou trocar o cartaz, a coordenadora do curso de Serviço Social, Viviane Pereira, foi demitida pela Faminas. Além disso, o evento foi cancelado.
Outro caso de homofobia aconteceu em abril, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP). Um jornalzinho feito por um grupo anônimo e que circulava por email entre os alunos incitava estudantes a jogar fezes em homossexuais. O GUIA falou com exclusividade com alunos atacados pela publicação.
Assinado com um pseudônimo, o texto do pasquim dizia que os gays estavam manchando o nome da faculdade e que, para conter tais cenas inadmissíveis, desafiava: “jogue merda em um viado que (sic) você receberá, totalmente grátis, um convite de luxo para a Festa Brega 2010”.
Não à homofobia
Se há casos de preconceitos nas universidades brasileiras, grupos que debatem a questão também não faltam. Na Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP), por exemplo, que chegou a ser citada no texto do jornalzinho da FCF, desde março existe o Núcleo de Gênero.
Criado pelo Centro Acadêmico Lupe Cotrim, da ECA, o grupo se reúne mensalmente nas noites de quarta-feira para discutir as questões de gênero na sociedade brasileira. Com foco nos estudantes da ECA, mas aberto a todos os interessados, o grupo debate sobre como profissionais que vão atuar na mídia e em meios artísticos são responsáveis pela construção de representação e estigmas relacionados à questão do gênero e como reformular estigmas que podem levar ao desrespeito à dignidade humana.
“A intenção é que as pessoas reflitam sobre sua realidade e pensem em como podem agir em sua profissão e em suas vidas em uma sociedade que reproduz estereótipos”, diz Camila Souza Ramos, estudante do 4º ano de Jornalismo da ECA e diretora do Centro Acadêmico.
Outro exemplo é o Grupo Prisma, ligado ao Diretório Central dos Estudantes, que atua em toda a USP com discussões e trabalhos sobre diversidade sexual. O grupo participou de um debate com o Grupo de Gênero para discutir o caso do jornal homofóbico na USP.
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