O que acontecia no Brasil e no mundo em 1964, ano do golpe militar?
Enquanto por aqui os tanques tomavam as ruas, vivia-se a ascensão do rock and roll, a chegada da minissaia e a Guerra no Vietnã
O Brasil e o mundo eram tomados por uma revolução de costumes, em 1964, quando o alto comando militar, em 31 de março, desfechou o golpe que depôs o presidente João Goulart e implantou a Ditadura Militar no país, que durou 21 anos.
Veja alguns dos fatos que marcaram aquele ano.
1964 no Brasil
Um dos pretextos para o golpe militar foi o combate à escala dos preços. Em 1964, a inflação nacional bateu nos 92,1%, medida pelo Índice Geral de Preços. A moeda então era o cruzeiro. Como sabemos hoje, demorou 30 anos para a inflação ser contida.
O rock in roll ganhava a juventude no Brasil com o jovem Roberto Carlos, que no ano seguinte lideraria a Jovem Guarda. Algumas de suas gírias, que marcaram época, eram “barra limpa”, “broto”, “carango”, “coroa”, “legal”, “maninha”, “pão” (para um rapaz bonito), “papo firme” e “prá frente”. Tendência mundial, estavam na moda a minissaia, a calça boca de sino, as japonas, as perucas e a gola rolê.
A Enciclopédia Britânica, obra mundial de referência, lançou aqui a Barsa, com 12 volumes produzidos inteiramente no Brasil, tendo como redator-chefe o escritor Antonio Callado. A obra, vendida de porta em porta, era o Google daquela época.
As artes viviam um período fértil no Brasil. O cineasta Glauber Rocha mostrava a fome, a opressão, a injustiça e a religiosidade em seu Deus e o Diabo na Terra do Sol, clássico do Cinema Novo brasileiro. A escritora Clarice Lispector publicava uma de suas grandes obras, A Paixão Segundo G.H.
O jornalista e escritor Millôr Fernandes, junto com Claudius, Fortuna, Jaguar, Ziraldo, Stanislaw Ponte Preta e outros, lançou a revista Pif Paf, considerada um marco da imprensa alternativa, com muito humor e ironia. Diante da hostilidade exercida pela ditatura nascente, a revista teve vida curta, com apenas oito números. Sua experiência, porém, deu frutos nos anos seguintes.
1964 começou vibrante com o desembarque de Brigitte Bardot, musa do cinema francês, no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, em sua primeira visita ao Brasil. Sua presença causou sensação em Búzios (RJ). O final do ano teve uma marca bem diferente. Em dezembro, estreia o show-manifesto Opinião, no Rio de Janeiro, com Nara Leão, Zé Ketti e João do Vale, dirigido por Augusto Boal e produzido pelo Centro Popular de Cultura (CPC), da União Nacional dos Estudantes (UNE). Era uma arte de resistência que marcaria o restante da década.
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1964 no mundo
Em sua primeira visita aos Estados Unidos, a banda britânica The Beatles participa de entrevista no programa Ed Sullivan, em 3 de fevereiro de 1964, acompanhada ao vivo por 73 milhões de espectadores. Os rapazes de Liverpool decolavam para se tornarem o maior fenômeno do pop contemporâneo.
O artista plástico norte-americano Andy Warhol criou, naquele ano, Sixteen Jackies, a partir de 16 fotografias de Jacqueline Kennedy tiradas em novembro de 1963, antes do assassinato e durante o enterro de John Kennedy. Sua obra finca raízes no dadaísmo e critica o consumismo e a linguagem dos meios de comunicação de massa, com grande impacto.
Como resultado de anos de mobilização, o presidente norte-americano Lyndon Johnson assina, em 2 de julho de 1964, o Ato dos Direitos Civis, que proíbe no país a discriminação racial em locais públicos, em contratações de emprego e nos programas de governo. No mesmo ano, Martin Luther King, líder do movimento negro, recebe o Prêmio Nobel da Paz.
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No boxe, o norte-americano Cassius Clay torna-se o campeão dos pesos pesados, derrotando Sonny Liston. Seu carisma o transforma num ídolo internacional. No mesmo ano, o lutador converte-se ao islamismo e passa a chamar-se Muhammad Ali.
O filósofo francês Jean-Paul Sartre ganha o Prêmio Nobel de Literatura de 1964, mas o recusa. Sua justificativa: “Aceitando-o, teria me deixado recuperar para o sistema”.
Em agosto de 1964, os Estados Unidos começam a bombardear posições do Vietnã do Norte, dando início ao envolvimento direto do país na Guerra do Vietnã. O conflito se estenderia por mais 11 anos, mataria pelo menos 58 mil norte-americanos e 2 milhões de vietnamitas, e acabaria em derrota militar para os Estados Unidos.
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