Estudantes pedem adoção de cotas na Fuvest
Atualmente, a USP adota o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação, como alternativa de entrada ao vestibular tradicional
Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) favoráveis à adoção do sistema de cotas fizeram nesta quarta-feira (28) um ato em frente à Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) para pressionar a direção da universidade a votar a proposta feita pelo Núcleo de Consciência Negra da USP e protocolada no Conselho de Graduação da USP (CoG) no último dia 18 de maio e que pede a reserva de vagas para estudantes de escolas públicas.
A proposta pede a garantia de reserva de 50% das vagas para alunos do ensino médio pública, dos quais 16,25% para candidatos do ensino médio público independentemente de etnia e renda; 16,25% para candidatos do ensino médio público independentemente de etnia, mas com renda familiar per capita inferior a um salário mínimo e meio; 17,5% para candidatos pretos, pardos e indígenas que tenham estudado em escolas públicas.
Atualmente, a USP adota o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação, como alternativa de entrada ao vestibular tradicional.
Segundo os ativistas, o Sisu permite que, em alguns cursos, haja reserva de vagas para alunos de escolas públicas, negros e indígenas. Mas a seleção abrange no máximo 30% das vagas oferecidas e não assegura que todos os cursos tenham vagas reservadas. “Algumas unidades destinaram só 20% ou 15% das vagas para o Sisu. Outras unidades só abriram vagas para o Sisu em ampla concorrência, como a Escola Politécnica, onde, por consequência, o percentual de ingressantes de escola pública caiu de 22% para 13%, de 2016 para 2017”, disse Thatiane Lima Gomes, da Gestão no Núcleo de Consciência Negra da USP.
No último dia 30 de maio, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aprovou a implementação de cotas sociais e raciais para o ingresso na universidade, deixando a USP como a única estadual paulista a não adotar cotas no seu principal vestibular, a Fuvest.
“Todo ano, no primeiro semestre, é momento de mobilização por cotas e, neste ano, inspirados pela Unicamp, atualizamos o projeto e protocolamos. Em 2015 também protocolamos, mas ele não entrou em discussão naquele momento. A USP usa saídas alternativas que não resolvem a baixa quantidade de negros e de alunos de escola pública”, disse Thatiane.
Segundo ela, é preciso lembrar que a USP é uma universidade pública e, por isso, é importante ampliar o acesso à população de baixa renda. “É sabido que a USP é uma universidade branca, elitista. É preciso dar representatividade à população que não está na universidade. Sabemos que 80% da população estuda em escola pública e na USP a maior parte é oriunda do ensino privado.”