Quando o governo federal decretou a lei que instituiu as cotas em todas as universidades federais, em 2012, houve polêmica. Muitos temiam que as notas de corte dos vestibulares despencassem, e que as cotas fariam cair o nível de ensino das universidades. Alguns acreditavam ainda que os cotistas não conseguiriam acompanhar o ritmo das aulas e que abandonariam o curso no meio do caminho, gerando vagas ociosas.
Ainda não há um estudo de abrangência nacional que avalie o resultado dessa política no país, mas há pesquisas sobre questões cruciais que geram uma luz para o debate. Para a sua reportagem de capa, a revista Veja desta semana analisou várias delas e apresenta conclusões que desmistificam as cotas. Três delas estão a seguir:
Mito 1: A nota de corte nos vestibulares vai cair muito
“Estudo do Insper (…) constatou que a nota média dos não cotistas no ingresso às instituições de ensino superior é, de fato, maior que a de cotistas, mas a variação é irrisória — não chega a 5%”, diz a reportagem. “Os especialistas dizem que a rede pública forma alunos razoáveis, em número suficiente para que não haja redução na nota média de ingresso. O acesso às universidades, portanto, continua competitivo.”
Mito 2: Os cotistas não vão conseguir acompanhar as aulas e apresentarão desempenho muito pior
Em media, estudantes cotistas tiram notas 10% menores na prova de conhecimentos específicos do Enade, teste que mede a qualidade do ensino superior. Mas isso não é regra. “Na UnB, que avaliou uma década de cotas de seus alunos, o desempenho dos dois grupos é praticamente igual, inclusive nos cursos considerados mais exigentes, como engenharia, ciência da computação e medicina. Em um ano específico, 2009, os cotistas tiveram notas até maiores: 6,9% acima das dos não cotistas”, diz a revista.
Mito 3: As cotas aumentarão a evasão no ensino superior
“Os estudos revelam que é justamente o contrário. Uma comparação da Uerj mostra que, até hoje, dos 21.300 estudantes que lá ingressaram por cotas, 26% desistiram no meio do caminho. Entre os não cotistas, o índice é de 37%”, diz a reportagem. “’O vestibular mede conhecimento de cursinho. A faculdade mede esforço, determinação e força de vontade, que não faltam aos cotistas’, diz o economista Naercio Menezes, do Insper”.
O grande desafio na implantação das cotas é, hoje, em relação às raciais: definir com precisão quem pode ser considerado preto ou pardo em um país multiétnico como o Brasil.
A reportagem pode ser lida na íntegra no site da revista.