Anarquismo: definições, comparações e contexto
Entenda o que é essa corrente política e como ela se diferencia do comunismo e do liberalismo
Você realmente sabe o significado da palavra “anarquismo”? A corrente política é conhecida pelo seu famoso símbolo e pelas aulas de história e sociologia. Mas, afinal, o que esse movimento defende? Veja quais são as principais características do anarquismo, qual é a sua formação histórica e as diferenças em relação ao comunismo e liberalismo.
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O nascimento do anarquismo
O anarquismo, assim como outras ideologias, tem diversas vertentes com autores e conceitos conflitantes, por isso, é importante primeiro entender o anarquismo clássico.
O anarquismo como um movimento político surgiu no século 19 no contexto da Segunda Revolução Industrial. O precursor do pensamento anarquista foi o francês Pierre-Joseph Proudhon. Outro teórico bem importantes da ideologia naquela época foi o russo Mikhail Bakunin. O anarquismo tem dois princípios: liberdade e igualdade. Estas palavras também são centrais em outras ideologias, como o liberalismo e o comunismo, mas cada uma a sua maneira.
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Liberalismo x Anarquismo
A ideologia liberal se baseia na ideia de defesa das liberdades individuais. O que isso pressupõe é que o Estado tem presença mínima na organização social e política. Para a ideologia liberal, a liberdade também significa a defesa do livre mercado, o que também entra em choque com a crítica feita pelo anarquismo ao capitalismo no anarquismo clássico.
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Hoje temos uma vertente bem conhecida do anarquismo denominada anarco-capitalismo. Como o próprio nome já diz, aqui não há uma crítica ao capitalismo e diz que a liberdade também pressupõe a liberdade de mercado. A ideia principal do anarco-capitalismo é proteger a soberania de cada indivíduo, enquanto no anarquismo há uma crítica ao capitalismo. Um dos líderes políticos que reivindicam a corrente é o presidente argentino Javier Milei.
O que é anarquismo: a ideologia dessa corrente
No anarquismo, há a ideia de que todo indivíduo possui liberdade irrestrita sem nenhuma limitação e por isso possui o direito de não ser dominado por nenhuma autoridade. Além disso, o anarquismo critica qualquer ideia que promova a hierarquização na sociedade, ou seja, que possibilite que haja dominadores e dominados.
Para os anarquistas é exatamente isso que o Estado faz: ele possibilita que o poder de decisão sobre a vida de toda a população fique concentrado na mão de um pequeno grupo. É esse grupo, por exemplo, que faz as leis, as políticas públicas e que tomam decisões que irão interferir na vida de todas as pessoas. Por isso um dos pilares da anarquismo é a ausência do Estado.
Contudo, não é só isso. Quando o anarquismo afirma liberdade contra qualquer dominação, ele não está somente se referindo ao estado, mas também a dominação religiosa, social, econômica e até mesmo jurídica. É importante ressaltar que não é que o anarquismo não aceita crenças pessoais ou leis, ele na verdade não aceita a estruturação hierárquica dessas ideias. Pense, por exemplo, na religião católica hoje. O Papa ocupa lugar de líder mundial na igreja e os fiéis são subordinados a ele. Isso, para ideologia anarquista seria uma estrutura hierárquica.
É partindo justamente da negação dessas estruturas de dominação que temos outro pilar do anarquismo clássico: a eliminação do capitalismo. Os anarquistas argumentam que o sistema capitalista promove a exploração dos trabalhadores por meio dos proprietários dos meios de produção, o que gera uma classe dominante e outra dominada, ou seja, uma sociedade desigual. Um argumento muito similar ao utilizado na teoria marxista.
Comunismo x Anarquismo
As ideologias do comunismo e do anarquismo possuem algumas afinidades. Entre elas está a necessidade de revolução construída a partir da base da população, ou seja da classe considerada dominada. Mas há uma diferença estratégica aqui. O comunismo também acredita que o Estado deve ser abolido – mas não permanentemente.
Para o comunismo, seria necessário a criação de um novo Estado: o socialista. Esse Estado socialista, comandado pela classe operária, seria uma forma de transição para diminuir as diferenças entre classes até o comunismo. Para os anarquistas seria necessário a ruptura total do Estado, afinal, para eles, mesmo em um Estado socialista as pessoas ainda estariam sob a dominação de alguém.
E mais importante: para os anarquistas, enquanto houver Estado, ainda haverá capitalismo.
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A organização social no anarquismo
Sem a dominação do Estado, a organização social e política caberia ao povo. O anarquismo é pautado na autogestão democrática e a democracia seria do tipo direta e não representativa. Na democracia direta, diferente da representativa, todas as pessoas têm direito a se manifestar e votar, não delegando seu poder de decisão a um vereador, governador ou presidente. No Brasil, neste momento, vivemos um democracia representativa, onde os políticos representam o povo.
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Na teoria anarquista os indivíduos se organizariam em comunidades e a partir dessas comunidades todas as decisões da vida no local seriam tomadas democraticamente com participação ampla. Estas várias comunidades então se relacionariam formando uma espécie de federação. Para o anarquismo, não há propriedade privada, então pelo lado econômico, essas comunidades também seriam responsáveis pela autogestão dos meios de produção e pela distribuição de bens prezando pelo princípio de igualdade.
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